Criatividade no setor imobiliário garante bons resultados em meio à pandemi
De convenções digitais a sites que tornam os imóveis mais baratos, conheça projetos criados no Rio Grande do Sul para o segmento
Com as pessoas passando mais tempo em casa, o mercado imobiliário percebe um aumento na procura por imóveis espaçosos. Grande parte dos profissionais estão tendo de dividir a área de convívio das residências com ambientes de home office. A pandemia, portanto, tem imposto um ritmo acelerado – e mais digitalizado – de trabalho para quem atua no setor.
A 2day Consultoria, empresa especializada em lançamentos imobiliários e gestão comercial de estoques, com sede em Porto Alegre, tem fechado novos contratos com empreendedores do segmento da construção civil e de vendas de imóveis finais. Em junho, somou 15 clientes, 31 projetos em 13 cidades diferentes do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, com incremento no faturamento de 35% no acumulado do ano. Para este mês, está projetada a abertura de duas posições na equipe.
“O consumidor está mudando, morar bem passou a ser prioridade. Quem tinha um apartamento pequeno, talvez, migre para um maior e faça um home office. Muitos passaram a olhar o seu lar de outra forma, buscando mais conforto, uma sacada, varanda, pátio”, descreve a sócia da 2day, Patrícia Longhi. Outro fator que ajuda, segundo ela, é a tendência de “créditos imobiliários com baixa de juros”.
E a própria empreendedora vê esse cenário se refletindo em sua vida. A intenção, na 2day, antes da pandemia, era ter uma sede física maior. Os planos, agora, são outros. “Já desistimos disso. Mesmo com o incremento da equipe, iremos manter, e talvez para sempre, o rodízio de home office. Adoramos o formato, nossa equipe não perdeu produtividade e tudo está muito bem assim”, interpreta.
Operando há 11 anos, a 2day aproveitou o momento para reinventar processos também. Recentemente, foi realizada uma convenção de vendas digital para zerar o estoque da construtora Porto 5, de Pelotas. “Vendemos 700 unidades em 15 dias com lançamento virtual”, afirma Patrícia.
E as novidades impostas por essa mudança que a sociedade vive, de acordo com a executiva, não devem se limitar a quem opera no setor. Pelo contrário, chegarão aos consumidores. “Os imóveis, no Brasil, evoluíram muito pouco se compararmos com o mercado de veículos. Se você compara um carro de luxo dos anos 1980 com um carro de luxo hoje, observa inúmeros itens de série e muita mudança. O mesmo não ocorre na mesma proporção no mercado residencial.”
Menos comissão para corretores, mais descontos ao público
Uma plataforma 100% digital, lançada em Porto Alegre em março, promete a compra de imóveis direto de construtoras com preços mais baratos. Isso porque a Nethomes elimina 70% do valor da comissão dos corretores. A startup, fundada por Renildes Snak e Luis Henrique Stedile, aposta na independência do público na busca por imóveis hoje. “Sabemos que o cliente tem toda capacidade de escolher o seu futuro imóvel. Desenvolvemos as duas últimas etapas que faltavam: a ligação direta entre o cliente, a construtora e a tecnologia, deixando o cliente no controle de fazer o que quiser e para que ele monte a proposta mais vantajosa.
Somos justos e transparentes na conduta, diretos e objetivos na comunicação”, frisa Renildes, formada em Direito, com MBA em Marketing e Gestão Empresarial e especialista no Mercado Imobiliário e de Tecnologia, tendo experiências no Vale do Silício. Na entrevista, ela fala mais sobre o projeto.
Geração E – Como funciona a Nethomes?
Renildes Snak – A maioria das pessoas não sabe, mas ao fazer a compra do seu imóvel em uma imobiliária tradicional, você paga entre 4% até 10% de comissão que está embutida no valor do imóvel. Com a Nethomes, o cliente tem uma alternativa. A redução de até 70% da comissão é um pouco do que podemos oferecer, uma vez que somos uma startup e temos custos mais conscientes e melhores. Chegamos para empoderar quem realmente é o protagonista, o cliente.
GE – A redução de custo dos imóveis chega a quanto?
Renildes – Por exemplo, na compra de um imóvel com valor de R$ 1 milhão, vendido nas imobiliárias tradicionais, o cliente paga uma comissão de 6%, que representa R$ 60 mil. Se ele comprar pela Nethomes, ele deixa de pagar R$ 40 mil na transação imobiliária, uma economia considerável que representa o suficiente para trocar de carro, pagar uma bela viagem ou, ainda, mobiliar a casa.
GE – Quem poderá vender pela plataforma?
Renildes – Nasce um modelo novo de se relacionar com o cliente, que foi pensado como uma oportunidade para além dos corretores, sendo aberta a qualquer pessoa que deseje indicar a plataforma. Ao se tornar afiliado, este terá um link próprio para disparar para seu networking.
GE – Onde já está funcionando?
Renildes – Em Porto Alegre, iniciando em Santa Catarina e expandindo para São Paulo.
GE – Qual a lição de empreendedorismo do projeto?
Renildes – Se você for uma empresa disruptiva e inovadora, terá que privilegiar aspectos que não foram pensados antes e tê-las na essência do negócio, e lutar contra um “sistema” que privilegia os ganhos financeiros ao invés de pensar no cliente final.
GE – Qual o diferencial da Nethomes em relação à Quinto Andar?
Renildes – A Nethomes atua sem corretores, diferente da Quinto Andar, que ainda opera no formato tradicional.
GE – Quais as mudanças que o coronavírus provocará no segmento imobiliário?
Renildes – As pessoas estão fazendo muitas reflexões sobre o real valor das coisas e isso passa pelos imóveis. Muitas já estão pensando em ter mais espaço, trocando de apartamentos ou mesmo optando por casa para ter sua própria infraestrutura.
Fonte: Jornal do Comércio